1. Introdução ] 2. Versões alternativas ] 3. Comparação de cardinais ] [ 4. A heurística da demonstração ] 5. A demonstração ] 6. Referências ]

4. A heurística da demonstração

Seja A um conjunto. Provaremos o Teorema de Cantor se mostrarmos que nenhuma função de A em © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César pode ser sobrejetora. Sabemos que isto é verdadeiro quando A é finito, mas queremos encontrar uma prova que funcione para qualquer conjunto A. No que se segue, mostraremos como descobrir a prova que se tornou clássica.

Passo 1

Tomemos uma função © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. Esta função é uma família de subconjuntos de A, indexados pelos próprios elementos de A. Dizer que f é sobrejetora significa dizer que todo subconjunto de A pertence à imagem de f, o que podemos exprimir simbolicamente como

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Como queremos provar que f não é sobrejetora, devemos nos concentrar na negação dessa sentença, que é

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Assim, deve existir um subconjunto X de A para o qual

Em resumo, teremos que descobrir um conjunto © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César que não coincida com nenhum dos subconjuntos © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. A definição de X deve ser da forma

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onde © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César é uma propriedade característica de X, isto é, tal que

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Passo 2

A questão é: como encontrar uma propriedade © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César que funcione? Para descobri-lo, vamos raciocinar por "regressão", isto é, por análise: assumiremos que X já foi descoberto e, pelo exame da propriedade © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César acima, tentaremos obter condições sobre X que nos levem à propriedade © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César.

Fixemos um elemento © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. A condição crucial a ser satisfeita pelo conjunto X é que

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Ora, temos © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César se e somente © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César. Por negação desta sentença universal, vemos que © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César significa

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Esta sentença existencial será verdadeira desde que a condição sob o quantificador, a saber,

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seja satisfeita para © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César; isto é, se a sentença

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for verdadeira. Claramente, este será o caso se tivermos

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ou, equivalentemente (já que © 2002-2003, Matemática Para Gregos & Troianos - Carlos César),

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Mas esta sentença significa que

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Neste ponto, deve estar claro que já atingimos o nosso objetivo. Agora, basta invertermos os passos da nossa análise e apresentá-los convenientemente. Isto será feito na próxima página, mas numa forma algo diferente.

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Carlos César de Araújo, 26 de julho de 2003