Tecnologia aplicada à educação
As primeiras aulas visam proporcionar familiaridade com o software pela exploração prática, ascendendo do particular ao geral, do local ao global. Enquanto caminho entre os estudantes, passo-lhes instruções oralmente, pronunciando cuidadosamente os nomes ingleses dos elementos da interface (como menus e botões) e observando suas reações e hábitos junto ao computador. Quando necessário, vou ao quadro e esclareço peculiaridades lingüísticas do inglês técnico. Os participantes se familiarizam com aspectos locais do programa o suficiente para a realização das primeiras investigações matemáticas. Os recursos estilísticos do ambiente (cor do plano, tamanho dos pontos, espessura das linhas, etc.) recebem pouca atenção de início — o que não impede ocasionais descobertas artísticas por parte dos estudantes mais ousados. Somente mais tarde, numa fase posterior do curso, é que menciono os princípios gerais envolvidos na arquitetura do programa, tais como a necessidade de um inventário de objetos, o propósito global de cada menu, etc.
De posse dos princípios globais que norteiam o uso do programa (constantemente reforçados a cada avanço), os estudantes se encontram preparados para atividades matemáticas mais detalhadas, desta vez com a ajuda de textos escritos especialmente para o curso.
É neste instante que cabe ao professor a difícil tarefa de se controlar diante da miríade de recursos gráficos sedutores embutidos em softwares como o Winplot. Alguns entusiastas do ensino por computador, vítimas dessa tentação, embarcam-se apressadamente em explorações de temas "modernosos", como sistemas dinâmicos discretos e fractais, produzindo telas de indiscutível beleza, mas com pouco ou nenhum verniz conceitual. Felizmente, não é necessário tamanha fanfarra; um pouco de imaginação e conhecimento são suficientes para criar efeitos igualmente espetaculares (e infinitamente mais instrutivos) nas áreas mais clássicas da nossa ciência.
No Coleguium, o Winplot auxiliará os alunos na exploração de temas clássicos como os seguintes (dentre outros):
Preparação do plano cartesiano (eixos, escalas, grades, quadrantes, campo de visão, ajuste de cores, etc.);
Estudo do ponto (identificação, criação, cálculo de distâncias);
Criação de segmentos;
Gráficos de funções polinomiais;
Animação: movimentação de pontos em gráficos;
Animação: variação dos coeficientes da equação reduzida da reta;
Animação: variação dos coeficientes do trinômio do segundo grau;
Transformações de pontos e gráficos (translação e simetria);
Funções pares e ímpares;
Resolução gráfica de inequações a uma variável;
Funções inversas (raiz quadrada, raiz cúbica, etc.);
Função módulo;
Logaritmos;
Gráficos de equações implícitas;
A equação geral da reta;
Estudo qualitativo de gráficos (domínio, monotonicidade, máximos e mínimos, comparação, etc.)
Funções trigonométricas;
Inequações a duas variáveis.
Lugares geométricos planos;
Introdução à geometria analítica espacial;
Superfícies de revolução.
Com imaginação e habilidade técnica, o ensino desses assuntos com o Winplot pode despertar no estudante o fascínio pela exploração matemática e o gosto pelo raciocínio lógico. Para muitos, o verdadeiro significado da Geometria Analítica — como uma forma de "geometria algébrica" — se revela pela primeira vez!
Carlos César de Araújo, 19 de março de 2003