Unicidade

Matemática para Gregos & Troianos

Mostramos a existência de uma representação posicional na base © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César para todos os números naturais © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César. Não menos importante é a unicidade dessa representação: a expressão

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é a única maneira de representar © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César como um polinômio em © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César de grau © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César com coeficientes em © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César. Por outras palavras, se nos disserem que © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César são números tais que

(1) © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César;
(2) © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César;
(3) © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César

então estamos autorizados a concluir que © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César e

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para todo © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César de © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César a © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César.

A unicidade da representação posicional pode ser provada de várias maneiras (com ou sem o uso explícito da função piso). O argumento mais comum consiste em aplicar repetidamente a unicidade do resto de uma divisão. Bem menos conhecido é o fato de que podemos nos valer da existência para provar a unicidade! É o que vamos mostrar agora. O raciocínio poderá parecer sofisticado, mas é muito simples e de largo emprego na matemática. Baseia-se no seguinte fato (que é essencialmente um teorema de Combinatória):

Teorema. Se © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César e © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César são conjuntos finitos com o mesmo número de elementos, então toda função sobrejetora © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César é injetora.

(Para uma discussão mais detalhada, veja o artigo Funções na seção Conceitos Fundamentais deste site.)

Isso posto, fixe um número natural © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César e considere a função © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César com as seguintes especificações:

© 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César é o conjunto das © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César-uplas © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César de elementos do conjunto © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César tais que © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César. (Ou seja, o primeiro elemento deve ser diferente de zero.) Em termos de produtos cartesianos, © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César.
© 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César é o conjunto dos naturais de © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César até © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César.
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Pode-se constatar facilmente o seguinte com relação a esses dados:

• O conjunto © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César possui © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César elementos.
• O conjunto © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César possui © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César elementos.
• A função © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César é sobrejetora. De fato, foi precisamente isto que provamos nas duas páginas anteriores.

Segue-se do Teorema acima que a função © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César é injetora. Isto significa que se

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então

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Ou ainda: se duas representações de mesmo grau na base © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César, © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César e © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César, são iguais, então os algarismos correspondentes são iguais.

Conforme dissemos no início deste artigo, quando as pessoas pensam em “números”, elas enxergam apenas uma representação particular dos mesmos, a saber, a escrita posicional na base © 2002-2006, Matemática para Gregos & Troianos - Carlos César. Mas são os teoremas de existência e unicidade que provamos aqui que garantem o “sucesso” dessa representação.

Carlos César de Araújo, 16 de abril de 2006, 17:57:26